6 de dez. de 2011

Se joga mulher!



Parece que o ano vai chegando ao fim e uma das coisas que mais tenho prazer em fazer que é escrever, não consigo.

Não adianta, temos algumas prioridades na vida. Deus, marido, filhos, família, amigos...e o resto. E estou cuidando de uma pessoa que é da minha família, a minha babá querida Rita. Há mais de um ano ela está com uma úlcera (uma ferida) no calcanhar, devido às varizes, que não cicatriza. Fizemos um enxerto ontem. Tira um pedacinho de pele da coxa e coloca na ferida. Dr. Valter Moreno, da clinica OX, super atencioso e carinhoso com ela, não só ele como toda a equipe da Clinica que cuida da Rita há mais de três meses com muito carinho.

É tão engraçado, a gente que se acostuma com Einstein, Sírio, Oswaldo Cruz...as experiências que estou tendo na Casa de Saúde São José, de Uberaba, estão bem divertidas. Por exemplo, chegamos ao hospital, eu imaginei que iríamos pro quarto, guardar as coisas, ela trocaria de roupa e a viriam buscar, de maca, para ser operada. Ahahhahahha....a gente entrou no hospital e ela já entrou direto na portinha "centro cirurgico", dei um beijinho nela, sorte que tinha uma capelinha dentro do hospital e rezamos juntas, e pronto, estavamos super confiantes. Ok, é uma cirurgia simples, mas ela é gordinha, mais velha, nao tô no "meu pedaço", meu pai, minha mãe não estão aqui, meu...a Rita é de todo mundo, não só minha, responsa...

Enfim, eu na porta do centro cirurgico, sentada numa cadeirinha, com minha bolsa, bolsa da Rita. Rezando, observando, lendo revista. Fiquei sozinha bastante tempo e reparando os que me acompanhavam na porta do centro cirúrgico. Junto com ela, simultaneamente, mais duas mulheres estavam sendo operadas. Ou seja, eram três mulheres no centro cirúrgico.

Tive que puxar assunto...não teve como não perguntar! Vi uma menina toda ensanguentada e um homem junto com a camisa também com sangue..."foi o filho de vocês?" perguntei ao homem..."Não, não foi minha mulher!". A menina ensanguentada era a babá do filho da mulher que estava no centro cirurgico. E o marido, juro, parecia bastante tranquilo, embora não acreditasse no que havia ocorrido, estava sereno, confiante. O ocorrido? Pasmem...a mulher estava em uma camionete, chegou em sua garagem, não apertou o breque (ou freio de mão) e saiu do carro, falando no celular, com a MÃE, pra tirar as compras do banco de trás (eu me visualizo total numa cena destas). Só que o carro desceu (era uma rampa) e pressionou a cabeça dela à coluna da garagem. Fez um "taio" no rosto todo. Desmaiou, ficou no chão, o filho de 2 anos viu....cena de horror. Porém, lá estava o maridão, confiante e tranquilo. E, claro, cirurgia ok, ela saiu bem...tudo certo!

A outra mulher que estava lá dentro, sendo operada?...quer saber? Era uma senhora...eu vi ela entrando de maca e uma galera atrás...AOS PRANTOS...assim...desespero total...Comecei a reparar...eram 3 meninas (entre 20 e 30) e uma outra senhora, essa soluçava muito. Também não teve como não perguntar!  Comecei "vocês são todas irmãs?", "sim" respondeu a que eu acho que era a mais velha e que mais chorava...Esperei um pouquinho..."vocês estão esperando quem?", "minha mãe", respondeu a outra. "Mas tá tudo bem?" continuei. "Ela está tirando a vesícula". Quase falei "meu, pára de chorar galera...já tirei a minha e em uma semana tava correndo atrás de criança". Mas falei "fiquem tranquilas, eu já tirei a minha, é super tranquilo". A senhora que acompanhava as irmãs era a irmã da operada, ou seja, a tia das meninas...Vai amar assim a irmã!! Chorava, com o terço na mão, sem parar. As filhas idem. Com terço, beijando as medalhinhas e chorando.

Pensei duas coisas. Primeiro que é impressionante o amor que a gente tem pela mãe. O medo de perder é tanto que o desespero nos cega, nos consome, sei lá...não dá nem pra pensar. Eu entendia muito aquelas meninas, até mesmo porque se o pai não estava lá...aquela mãe provavelmente era mãe e pai, tudo na vida delas. A segunda coisa que pensei...Não adianta a gente acreditar, ter fé (que eu vi que elas tinham) e não delegar...passa a bola pra Deus, poem na mão dele com raça! Isso iria acalmar o coração delas. Assim como acalmou o meu, lá sozinha...a Rita é como se fosse a minha mãe. Mas deleguei, total! O que mais eu poderia fazer do que confiar no Amor de Deus???

A lição que eu tirei...nem tão tranquilo quanto o maridão com a mulher com a cara rachada e nem tanto desespero como as filhas que acreditavam mas desesperavam!

Sem o abandono nas mãos de Deus a alma sofre, padece, se angustia. Um sinal claro de que a alma já está padecendo é a ansiedade.

E a ansiedade hoje é epidêmica. Uma grande porcentagem da população sofre hoje desta doença. No entanto, a ansiedade não existiria se soubéssemos nos colocar muitas vezes no colo de Deus. (por Pe. Paulo Monteiro Ramalho).


Rita tá bem! Pra quem a conhece, rezem e torçam pra este enxerto pegar! Ela merece depois de mais de um ano, passar o Natal bem! Amanhã estará em casa.

Um beijo grande e ensinem aos pequenos, é muito mais confortante, mais fácil e mais gostoso aprender a viver acreditando que a gente pode SE JOGAR nas mãos de Deus, que "Ele dá conta!" - como dizem os mineiros.

Bel.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bel, vc eh 10 amiga! Tenho orgulho em te ter como amiga! beijo com carinho Ka Pires PS: To rezando pela Rita... muito especial!

Anônimo disse...

AIIIIIIIIIIII BEl!! adorei, otimo...hoje ligo ai.. me'